sábado, 5 de julho de 2014

Reforma atrasada há 2 anos torna aeroporto de Santarém alvo de críticas


Usuários reclamam de falta de espaço, de estacionamento e demora na obra.

Fila tripla se forma em frente ao aeroporto em horários de chegada e saída de voos (Foto: Luana Leão/G1) 
Fila tripla se forma em frente ao aeroporto em horários de chegada e saída de voos (Foto: Luana Leão/G1)
Com as obras em atraso há dois anos desde o início da reforma, o aeroporto internacional Maestro Wilson Fonseca, em Santarém, oeste do Pará, é alvo de críticas de usuários quanto à estrutura do local para atender a demanda de passageiros e acompanhantes. Os problemas se repetem diariamente, assim como as reclamações.
Atualmente, os serviços de reforma, que chegaram a iniciar em 2012, mas foram paralisados em agosto de 2013 porque a empresa que venceu a pimeira licitação saiu processo, retornam aos poucos. Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), em um ano, os trabalhos executados pela então construtora responsável pelas obras foram a instalação do canteiro de obras, parte do estacionamento e parte do novo embarque, o que representa apenas 7,29% do que deveria ser concluído.
A primeira ordem de serviço – documento que autoriza a execução dos trabalhos – foi assinada no dia 19 de julho de 2012. A segunda foi assinada recentemente, no dia 11 de junho e, de acordo com a Infraero, a reforma reinicia neste mês de julho.
Enquanto as obras estão paradas, os usuários reclamam de poucas cadeiras para sentar e aguardar os voos, da quantidade insuficiente de balcões de atendimento, do estacionamento que não comporta a grande quantidade de veículos e da locomoção dos passageiros até a aeronave. "A estrutura do aeroporto não muda, não aumenta. Fizeram esse canteiro de obras e não saiu disso. Essa obra não sai do lugar, só deixou o aeroporto com aspecto menor ainda. Se você vem na hora que tem dois voos saindo, fica um caos isso aqui", destaca a empresária Simone Costa.
Aposentado Francisco Santarém (Foto: Luana Leão/G1) 
"Você vem deixar algum familiar e precisa ficar
circulando porque não tem espaço para sentar",
diz o aposentado (Foto: Luana Leão/G1)
O aposentado Francisco Vasconcelos, que busca, constantemente, familiares no aeroporto, diz que, para acompanhar o crescimento de Santarém, é necessária ampliação maior do que a já planejada. “Santarém merece um aeroporto maior que esse que está sendo reformado. Falta espaço físico também dentro do saguão de embarque, não tem lugar suficiente para sentar, fica um acúmulo de gente aqui dentro. Você vem aqui deixar algum familiar e precisa ficar circulando porque não te espaço para ficar”, reclamou.
O aeroporto de Santarém opera com a média de 15 voos regulares por dia. Em 2013, foram registrados 505.481 embarques e desembarques. Quem chega de viagem, enfrenta dificuldades para retirar a bagagem da esteira. Há apenas uma pequena esteira de bagagens e os passageiros ficam aglomerados para conseguir retirar as malas.
O G1 fez um vídeo da sala de desembarque, no momento em que os passageiros chegavam de Belém. Nas imagens, não é possível visualizar a esteira. (veja o vídeo ao lado). O mesmo ocorre na sala de embarque. Há apenas dois portões de embarque, que ficam na mesma sala. Quando dois voos saem em horários próximos, os passageiros que fazem o check-in mais cedo são os únicos que garantem uma cadeira para sentar e aguardar a hora do embarque.
A administradora de empresas Nilda Miranda diz que vem duas vezes ao mês a Santarém para trabalhar e, quando desembarca, se depara com uma estrutura ruim. “Fico imaginando as pessoas que vêm de férias e têm toda essa falta de estrutura. Ainda agora eu vi, na hora da bagagem, é uma esteira muito pequena, tem aquele acúmulo de gente ali para pegar”, afirma.
Novo estacionamento está 'travado' (Foto: Luana Leão/G1)Novo estacionamento está 'travado' (Foto: Luana Leão/G1)
O estacionamento é a principal reclamação, devido à falta de espaço, os motoristas são obrigadas a parar em fila dupla, às vezes até tripla, para buscar algum passageiro. Erlan Melo acha que é necessária fiscalização no local. “É complicado aqui. Primeiro tem que ter uma fiscalização, que não tem. Aí você vê esse congestionamento, imagina daqui para frente, que é só o começo das férias”. Atualmente, o aeroporto de Santarém possui 90 vagas de estacionamento.
Para o motorista Renê Guimarães, a prioridade deveria ser a conclusão imediata de um novo estacionamento. “Está muito ruim, você vê que o fluxo de carro é grande, por isso você tem que parar onde dá, onde acha, mesmo que seja em fila dupla. Com o estacionamento novo fechado é pior, porque ter um estacionamento quase concluído e não poder estacionar é difícil de entender”, afirma.
O presidente da cooperativa dos taxistas que trabalham no aeroporto, Manoel Domingos, diz que já atua há 30 anos no local e que sempre houve essa necessidade, mas há esperança de que a situação melhore com a reforma. “Está pequeno para Santarém, mas, se Deus quiser, com essa reforma vai melhorar”, diz. “Esse espaço nosso [local para taxistas] é um sonho de muito tempo, essa área vai ficar toda coberta aqui, não vai mais ter sol, nem chuva”, completou.
Aeroporto Santarém (Foto: Reprodução/TV Tapajós)Aeroporto Santarém (Foto: Reprodução/TV Tapajós)
Outro ponto negativo é a falta de transporte para passageiros no momento do embarque/desembarque entre os aviões e o terminal. Desde a inauguração do aeroporto, em 1977, os passageiros se expõem a sol e chuva para subir na aeronave ou seguir para sala de desembarque. O transporte entre terminais e aeronave já foi alvo de recomendação do Ministério Público Federal, que pediu que a Infraero disponibilize veículo automotor para transporte coletivo de passageiros comuns e de passageiros com mobilidade reduzida permanente ou provisória, entre o terminal de passageiros e os locais destinados ao estacionamento das aeronaves. De acordo com a Infraero, a partir de 2015 o transporte estará disponível.
Impactos na economia
O aeroporto de Santarém é importante para os demais municípios da região oeste do Pará porque a cidade é referência em vários setores, com saúde, educaçao e serviços, e por ser um dos únicos que recebem voos comerciais, além de Altamira e Itaituba.
Para a secretária de turismo de Santarém, Irene Belo, o aspecto visual; a demora na finalização da obra; o desconforto quando dois voos pousam ao mesmo tempo; a superlotação da sala de desembarque, dificultando o acesso a esteira, são fatores que passam uma imagem negativa ao desenvolvimento turístico. "Já passou da hora de termos um terminal de passageiros com embarque e desembarque condizentes com a condição de uma cidade polo regional, uma cidade que é região de entrada para uma região turística que é todo o polo Tapajós, uma cidade que tem dois grandes atrativos, dois grandes portões de entrada para a região: Alter do Chão e Flona [Floresta Nacional do Tapajós]”, afirmou.
Alberto Oliveira ACES (Foto: Reprodução/TV Tapajós) 
Alberto Oliveira destaca a necessidade de uma frota
de transporte de carga aérea
(Foto: Reprodução/TV Tapajós)
A Associação Comercial e Empresarial de Santarém (Aces) diz que a solução é a construção de um novo aeroporto. Segundo o presidente da entidade, Alberto Oliveira, a economia do município depende muito do transporte aéreo, pois a rodovia BR-163 continua em condições precárias. “Com a implantação do entreposto da Zona Franca de Manaus em Santarém e ampliação dos portos aqui na região, certamente haverá um volume muito maior por passagens aéreas", ressalta.
Oliveira destaca, também, a necessidade de o aeroporto possuir uma frota de transporte aéreo de carga. "Precisamos também diminuir o custo da mercadoria transportada via aérea. Hoje, praticamente é impossível transportar carga nesses voos domésticos aqui, é preciso que haja também uma frota de transporte de carga aérea, tal como é em Manaus, isso faz com que os preços caiam bastante e nós possamos ser competitivos na região”, completa.
Reforma
A reforma se arrasta desde 2012. A empresa que venceu a primeira licitação deixou o processo e as obras ficaram um ano paradas. De acordo com a Infraero, foram pagos R$ 459,5 mil à primeira empresa pelos serviços efetivamente executados. O valor do segundo contrato é de R$ 8,47 milhões. A previsão para que a nova empresa vencedora inicie os serviços ainda no mês de julho e os trabalhos deverão ser executados em 450 dias, a contar do dia da assinatura da ordem de serviço, efetuada no dia 11 de junho.
Embarque aeroporto de Santarém (Foto: Divulgação Infraero)Projeto de reforma inclui a construção de uma nova
sala de embarque (Foto: Divulgação Infraero)
A segunda empresa ficará responsável pelo restante das obras, que consistem na construção de uma nova sala para embarque e a ampliação da sala de desembarque e do saguão do terminal, aumentando dos atuais 900 m² para aproximadamente 1.600 m². A reforma prevê ainda a substituição da cobertura e do forro do terminal, construção de novos banheiros e revitalização das fachadas. As instalações elétricas, hidrossanitárias, climatização e eletrônica passarão por modernização, além da ampliação do meio-fio coberto. O estacionamento será ampliado e ocupará área de 4,8 mil m², contemplando a criação de 160 novas vagas e reorganização das vagas existentes, totalizando 250 unidades.
A Infraero nega que a obra esteja causando transtornos aos usuários, pois “funciona dentro da capacidade – de 1 milhão de passageiros por ano – tendo movimentado 518,9 mil passageiros em 2013. A empresa defende que, sempre que executa uma obra, realiza planejamento para minimizar eventuais interferências no fluxo e no conforto de passageiros e usuários, considerando inclusive os horários de maior e menor movimentação para realização dos trabalhos.
Até maio deste ano, 217,1 mil passageiros embarcaram e desembarcaram no aeroporto de Santarém. No mesmo período de 2013, foram 178,6 mil passageiros. 
Via G1 de Santarém

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